A religião e os astros no Antigo Egito
Apesar da não influência direta da cultura do Antigo Egito na elaboração dos fundamentos da Astrologia, a importância do Sol como princípio organizador do mapa tem muito a ver com o papel deste astro na religião do país dos faraós.
O deus-sol
No Antigo Egito, vários deuses estavam ligados à Lua e ao Sol: Khonsu e Thoth tornaram-se deuses da Lua e Osíris, Mim, Shu e Khnum possuíam associações lunares; o deus Rá personificava o Sol, e também era representado em suas formas de Rá-Atum e Amon-Rá.
Thoth, o deus com cabeça de íbis, era supremo em Hermópolis, mas também adquiriu um papel nacional como deus da escrita.
Os diferentes estágios no circuito diário do Sol também eram representados por deuses separados – Khepri simbolizava o Sol da manhã; Rá, do meio-dia, e Atum, o da tarde.
Sothis (nome egípcio da estrela Sírius), uma grande estrela da constelação do Cão Maior, foi proclamada a deusa responsável pela inundação e identificada com outras duas deusas, Iris e Satit. E a constelação de Órion recebeu a adoração pela identificação com o deus Osíris.
Cada rei proclamava seu compromisso com o deus-sol (a partir da II Dinastia ele adotou o título de “Filho de Rá”) e foi esse culto que acabou por dominar as crenças e práticas religiosas do Antigo Império.
O rei era não só o filho primogênito e a imagem do deus criador como também representante de todas as deidades na terra. O rei tem sido descrito como a “encarnação” do deus criador e como um símbolo do seu poder na terra.
O Sol era concebido como uma esfera que ocasionalmente podia necessitar de asas ou de um escaravelho para impeli-lo pelos céus. O Sol era visto como uma força eterna e autorrenovadora que aparecia ao amanhecer. No universo egípcio, esse ciclo diário era o evento mais importante, e os outros elementos da criação estavam somente presentes como um cenário para o ato culminante da criação – o primeiro raio do sol. Esse ato primordial da criação ocorreu primeiro em Heliópolis, o centro de culto de Rá.
Os egípcios acreditavam que o deus-sol navegava em um curso diário em torno de um oceano circular no qual a terra estava suspensa. Ao amanhecer, ele emergia na intersecção da terra com o céu e utilizava a barca diurna para navegar na abóboda do céu. Ao se por, ele passava para a parte abaixo do horizonte, para o submundo, e usava a barca noturna para atravessar a região, deixando a terra na escuridão. Em sua jornada lutava contra a serpente Apófis, que ameaçava devorá-lo. A mitologia ligada ao culto do Sol forneceu um padrão para a própria vida, morte e ressurreição do rei.
O nome do deus Amon tem sido traduzido como “Auto-Oculto” ou “Escondido”, o que implica que ele era transcendente e não podia ser percebido pela humanidade. Feito um regente universal, Amon-Rá estava associado ao Sol como principio criativo e manifestava os seus poderes por intermédio do astro; foi com essa capacidade que ele foi adorado em Karnak. Seus três aspectos principais eram: como deus primordial, que tinha existido antes da criação de Hermópolis e depois em Tebas; como principio criativo, expresso por meio do Sol; e como o regente da existência.
Acreditava-se que todos os deuses dentro do panteão fossem expressões da imagem de Amon, como criador, e até o processo de criação era considerado uma manifestação do próprio deus. Amon tinha sido criado antes e separado do mundo criado, sendo portanto transcendente, mas era também imanente porque estava presente e podia estar compreendido naquilo que tinha criado.
Os três deuses principais – Amon, Ptah e Rá – eram deidades separadas, e cada uma representava uma princípio diferente que determinava a existência, mas eram todos considerados aspectos de um conceito de divindade.
Outro aspecto de Amon é o papel que ele desempenhou na tríade divina de Tebas. Tríades eram uma parte importante da religião egípcia, aparecendo tanto como três aspectos separados (por exemplo, as três formas do deus-sol associadas a momentos diferentes do dia) ou como três deidades diferentes em um grupo familiar.
Amon formou uma tríade com Rá e Ptah e foi também unido à sua consorte, Mut, e ao filho deles, Khonsu, em uma tríade familiar em Tebas.
O culto ao sol original, que havia sido realizado em Heliópolis durante o Antigo Império, ocorria em uma construção sem telhado com uma série de pátios. Entretanto, em vez de incluir um santuário e uma estátua de culto, o deus era considerado estando presente sob a forma do sol, para o qual alimentos, flores e outras oferendas eram apresentadas pelo rei.
Posteriormente, com a construção de edificações cobertas, o significativo teto astronômico no contexto do templo era mostrar a passagem do tempo em termos de anos, meses, dias e horas regulados pelos deuses para que esse processo contínuo pudessem ser sustentado e mantido eternamente eficaz.
Os tetos astronômicos foram uma característica importante do templo que ajudou a manter a ordem do universo.
Deuses sob formas animais
Os egípcios acreditavam que os deuses habitavam o outro mundo, mas estavam também presentes na terra sob a forma de determinadas manifestações físicas, como a pessoa do rei, estátuas, certas plantas, animais e objetos sagrados.
Os amuletos destinavam-se provavelmente a dotar os mortos de poderes especiais: as formas animais incluíam gazelas, hipopótamos, vacas, porcos, cabeças de touro, leões e o Seth-animal, uma criatura estranha que representava o deus Seth, mas que não podia ser identificada com qualquer espécie conhecida de animal.
Cada touro Ápis era selecionado pelos sacerdotes segundo um critério: não ter um único pelo escuro em seu corpo, e o pelo de sua cauda tinha que crescer de determinada maneira. Quando morria, o touro, que era substituído por outro especialmente relacionado, era enterrado em Osíris-Ápis, em uma vasta estrutura subterrânea conhecida como Serapeum. Quando escavado pela primeira vez, descobriu-se que o Serapeum continha múmias de 64 touros Ápis.
A astrologia e a hemerologia
A astronomia desempenhou uma parte importante na religião egípcia. Havia textos e mapas astronômicos do céu pintados nos tetos dos templos. Os sacerdotes estudavam os movimentos dos astros e conseguiram observar os planetas.
As observações astrológicas eram realizadas no início de procedimentos para erigir uma construção que envolvesse movimentos religiosos importantes a fim de que fosse determinada a orientação correta.
Entretanto, apesar de seu interesse e envolvimento com a astronomia, e embora existam algumas reivindicações modernas de que a astrologia e os estudos de ocultismo tenham sido originados no Egito, os egípcios na verdade não iniciaram ou desenvolveram a ideia de que a posição das estrelas influenciava o destino dos indivíduos.
Existem poucas referências a essa crença; ela só apareceu nos textos demóticos posteriores, e o conceito foi originalmente introduzido no Egito vindo da Mesopotâmia.
Mas a hemerologia – um conceito para determinar se um dia em particular seria propício ou não – era amplamente praticado no Antigo Egito, porém tais previsões não se baseavam na posição das estrelas. Algumas previsões eram conseguidas por meio de estudo de vários eventos mitológicos que tinham ocorrido em dias particulares e que, portanto, segundo a crença deles, provavelmente teriam uma influência sobre os eventos futuros.
Identificação das deidades gregas e egípcias
- AFRODITE – deusa grega do amor a que os gregos identificaram com Hathor.
- APOLO – deus-sol grego a quem os gregos identificaram como Hórus.
- DEMÉTER – deusa da terra a quem os gregos identificaram como Ísis.
- DIONISO – deus grego. Algumas de suas características foram incorporadas ao deus Serápis.
- ESCULÁPIO – médico a quem os gregos identificavam como Imhotep que recebeu o crédito de fundador da ciência médica. Considerado um deus de cura, seu culto era celebrado sobretudo em Saqqara.
- JÚPITER-AMON – os gregos continuaram a adorar Amon como Zeus-Amon e os romanos o chamavam de Júpiter-Amon.
Fonte:http://constelar.com.br/tecnica-astrologica/astrologia-simbolismo/religiao-astros-egito/
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