Dando um rolê pelo Egito
Ao começar a traçar meu roteiro em julho do ano passado pra emitir a passagem de volta ao mundo tinha certeza de uma coisa: fosse qual fosse o meu roteiro o Egito estaria nele. Via no país um lugar especial. Não conseguia imaginar essa viagem sem passar pelo local que foi berço de uma das maiores civilizações responsáveis por grandes feitos na historia da humanidade. Além do mais tem o Mar Vermelho, considerado um dos melhores pontos de mergulho do mundo!! E eu, como mergulhador, não poderia deixar este momento escapar!
Não cheguei a ver como ameaça a revolução pela qual o Egito experimentos em janeiro deste ano. Do momento em que ela começou até a minha chegada ao país me restavam 4 meses pras coisas se definirem. E estava otimista de que as coisas terminariam antes de eu chegar la e na torcida para que a vitoria pela liberdade do povo egípcio fosse conquistada. E assim foi em 11 de fevereiro!
Cheguei ao Egito já sabendo que um dos meus destinos precisaria ser cancelado. Em função de conflitos envolvendo as forcas armadas do país, tive que abrir mão de conhecer a Síria. Teria sido mesmo uma passagem rápida por la, pois havia planejado 2 dias pra dar um role pela sua capital, Damasco, onde pretendia degustar uma refeição no famoso mercado da cidade para então seguir adiante seguir por terra até o Líbano. Decidi então distribuir esses dois dias entre Egito e Jordânia. Daí, de Aman, capital da Jordânia, tomaria um voo ate Beirute já que não poderia tentar chegar ao Líbano por Israel dadas as divergências que sobretudo na década de 70 provocou uma guerra civil bem pesada entre os dois
países.
países.
Foi um trecho puxado de Nova Deli até o Cairo. Cerca de 15 horas e ainda fazendo conexão na Alemanha pra depois seguir pro Egito. Com muita alegria recebi da companhia aérea um belo presente: Me deram um upgrade pra classe executiva! A viagem então foi que uma beleza!!
Em Cairo fiquei hospedado a poucos quarteirões da praça El Tahrir, palco principal da revolução em que durante cerca de 3 semanas concentraram ali milhões de egípcios reivindicando por liberdade politica e de expressão, resultando na queda do ex-ditador Husni Mubarak. Cairo estava tranquila, sem qualquer traços de que meses atrás o pais tinha passado por uma revolução. Apenas o setor turístico é que estava pagando um preço alto já que o volume de turistas no país caiu mais de 95% e os movimentos ainda não estavam animadores. A economia do país depende muito deste mercado que já começou a investir forte em campanhas pra retomar o turismo massivo no pais trazendo a mensagem de que mais do que nunca esta muito melhor visitar o Egito a partir deste momento porque agora a sua gente e um povo livre. Não tenho duvidas de que não ira demorar muito pra situação se normalizar por aqui.
Ao contrario do que muitos pensam a capital Cairo não foi nenhuma cidade faraônica. Foi uma cidade construída pelos muçulmanos e posteriormente desenvolvida com projetos arquitetônicos ao estilo europeu. Mas e as pirâmides?!? As pirâmides estão em Giza (ou Gizeh, antiga região de Mênfis), uma cidade localizada a 40 minutos do centro de Cairo. Esta sim foi uma cidade faraônica surgida na época do Antigo Império egípcio. A minha visita até as Pirâmides de Giza foi mais uma das experiências espetaculares que esta viagem me proporcionou! Trata-se de uma incrível obra feita pelo ser humano construída com fundamentos de astronomia e perfeitamente alinhada com os pontos cardeais. Na época do Antigo Império os faraós tinham como grande desafio unir os diversos povos espalhados pelo território do Alto e Baixo Egito, sobretudo nos entornos do Rio Nilo. Por esta habilidade de unir povos e usar mais da retórica e menos da violência o faraó ostentava um importante título como líder da civilização. Por este motivo, dar ao faraó uma tumba construída a base de sabedoria e sacrifícios sob a forma de pirâmide servia pra mostrar a importante posição que este líder tinha em relação ao seu povo. Já na época do Novo Império as pirâmides já estavam em desuso pela civilização egípcia e as posteriores dinastias de faraós passaram a ser enterradas em tumbas sobretudo na região do Alto Egito, tal como a região de Tebas, hoje Luxor, um dos lugares que também esteve no meu roteiro durante minha viagem por aqui.
Além das Pirâmides de Giza também fui conhecer a Pirâmide de Sakkara. Esta é ainda uma pirâmide mais antiga que as de Giza e foi construída de forma escalonada lembrando degraus de escada. Ela é um importante monumento pois deu as gerações posteriores base de conhecimento necessária pra aperfeiçoar as técnicas de construção das futuras pirâmides.
Nos meus rolês pelas ruas de Cairo também destaco outros atrativos. Um deles e o fantástico acervo do Museu Egípcio onde estão expostos grandes artefatos da civilização egípcia e, mais interessante ainda, organizados na linha do tempo para melhor compreensão. Assim era possível por exemplo distinguir as características de artefatos pertencentes ao Antigo, Meio e Novo Império até a chegada de Alexandre, o Grande, fundando a cidade de Alexandria e posteriormente a relação desta civilização com o Império Romano. Um fato curioso aqui foi que após a morte de Alexandre, o Grande, o império que ele deixou foi subdividido e governado por algumas pessoas que lutaram ao seu lado já que o cara não deixou herdeiros. Um destes que não me lembro o nome ficou com o Egito e se auto proclamou faraó para governar o povo egípcio. Não foi muito longe ou pelo menos a ponto de criar uma forte dinastia.
Ainda, entre os milhares de artefatos do museu, é possível ver sarcófagos, múmias e uma ala especial com os diversos pertences do mais jovem faraó durante o Império. Tutankhamon. Infelizmente não foi possível tirar fotos dentro do museu. E é proibido entrar portanto câmera la dentro.
No Cairo vale dar um rolê pela região do Bazar El-Khalili, uma região formada por estreitas ruas tomadas para funcionar como mercado ao ar livre. No entorno daquela região também esta o famoso El Fishawy, um café bem agradável e o mais antigo de Cairo, mais de 200 anos. Foi lá que conheci uma moçada bem bacana do Egito, Austrália e Portugal e que foram meus companheiros de role durante todo o resto daquele dia.
Após Cairo segui em uma viagem de trem por cerca de 10 horas até a cidade de Luxor. Viajei em vagão-dormitório durante a noite, assim a viagem não foi desgastante e pude descansar do ritmo de Cairo. Luxor, foi a antiga cidade faraônica de Tebas, capital do Novo Império. Por aqui foram encontrados – e ainda continuam sendo! – importantes artefatos sobre a historia da civilização antiga do Egito. E é desta região que um dos mais conhecidos faraós, Ramsés II e suas dinastias, governaram o império egípcio. E tambem foi aqui que pude visitar o fantástico Templo de Karnak e Templo de Luxor, duas preciosidades desta região, além de ter ido ao Vale dos Reis e ao Vale das Rainhas. Pra um melhor entendimento, Tebas era dividida em dois lados que tinha Rio Nilo como linha divisória. O Lado Oriental representava o lado da vida, pois e o lado onde o sol nasce. Por isto deste lado foram construídos os Templos de Karnak e de Luxor. Na outra margem do rio, Lado Ocidental e lado do sol poente, representavam o lado da morte. E deste lado onde ficam os Vales onde foram enterrados rainhas e faraós. Foi ainda neste vale que na década de 20 foi encontrada a tumba de Tutankhamon. As tumbas inclusive podem ser visitadas e nos permite entender mais sobre a historia deste povo com as escrituras nas paredes da tumba.
Nas minhas duas noites em Luxor procurei fazer exatamente o que gosta de fazer o povo do Egito quando vai aos cafés: tomar shay (chá) e fumar sheesha (narguilé). Também gostam de jogar gamão, mas como não sei jogar então eu só ficava olhando mesmo.
Desde quando estava na Índia, meu ritmo de viagem estava bem corrido. Passava duas ou no máximo três noites em cada cidade e então me deslocava pra outra. Havia sido assim ate chegar aqui em Dahab, um sossegado e super agradável vilarejo litorâneo encostado no Mar Vermelho e que possui excelentes pontos de mergulho. Por aqui reservei cinco dias pra curtir o clima agradável do lugar onde a maioria deles ficaram reservado ao mergulho. Como vi que o preço pra fazer um curso estava bem em conta, tomei a decisão de faze-lo por aqui. Peguei esta idéia de um colega que também esta fazendo um mochilão pelo mundo e havia passado por aqui semanas antes. Em Dahab quando não estava mergulhando, então passava longas horas sentado no Yalla Bar curtindo o visual da praia. Passsava altas horas da tarde e da noite ali, estudando, fumando sheesha e batendo um papo com a moçada que se juntava a mim. E assim foi todo o santo dia que passei por aqui!
No meu ultimo dia nesta região reservei pra um momento bastante especial. Na noite do dia anterior sairmos pra uma expedição até o alto do Monte Sinai. Foram duas horas de carro ate a base do monte e cerca de mais 3 horas fazendo um trekking madrugada adentro para que por volta de 5:30 h da manhã pudesse contemplar o sol nascer do alto daquela montanha. Momento mágico! Monte Sinai e considerado um local sagrado pois segundo as escrituras sagradas, foi do alto desta montanha que Moisés recebeu de Deus os 10 Mandamentos!
Agora tomarei um ferry que cruzara o Mar Vermelho em direção a cidade de Aqaba, na Jordânia. Por lá pernoitarei pra que no dia seguinte possa começar meu rolê pelo país que terá como o principal atrativo a cidade perdida de Petra!
Fonte:https://rolemundoafora.wordpress.com/2011/05/14/dando-um-role-pelo-egito/
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